Poluição pelos Pesticidas

Poluição pelos Pesticidas
A Poluição pelos Pesticidas
Os venenos que o homem usa para proteger suas colheitas contra roedores, inseto, fungos e bactérias, continuam agindo, às vezes, muito além dos campos de batalha.


Quanto ao uso de pesticidas, demasiados interesses materiais e financeiros - indústria química, produção agrícola - e demasiados sentimentalismos e conclusões apressadas complicaram um problema sobre o qual, no entanto, já se possui atualmente uma série de informações provenientes de um número crescente de experiências e observações.

Hoje, em todo mundo, a agricultura constitui uma área de desastres ecológicos. Lavouras de monoculturas convida um surto de pragas, às quais respondemos com inseticidas que, na maior parte das vezes matam mais insetos inofensivos do que pragas a serem combatidas. Assim, os pesticidas, especialmente os persistentes, simplificam os ecossistemas causando a remoção das defesas naturais de pragas.

Além da instabilidade causada no ecossistema pela simplificação, as pragas, que a primeira vista pereciam controladas, muitas vezes retornam em números maiores do que antes. Isso se deve ao fato de que, os pesticidas selecionam as pragas que já eram persistentes, que por sua vez se multiplicam para formar populações imunes. Como exemplo, podemos citar a mosca doméstica, que hoje resiste ao DDT.

Conceito de Pesticida
É um nome geral que designa as substâncias químicas empregadas na luta contra as pragas animais ou vegetais que custam prejuízos ao homem e às suas culturas.

Poluição pelos Pesticidas
Concentração do inseticida DDD ao longo dos níveis tróficos do Clear Lake, Califórnia
Principais Tipos de Pesticidas

Inseticidas
Os inseticidas conhecidos atualmente não são seletivos, na sua quase totalidade, matando indiscriminadamente todos os insetos, tantos nocivos quanto úteis ou indiferentes.

Lhoste, em 1962, inventariou mais de 150 inseticidas diferentes. Para fins didáticos, dividiremos os inseticidas em 3 grandes grupos, considerando sua natureza química ou sua origem: os inseticidas inorgânicos, feitos principalmente a base de arsênico e flúor; os inseticidas de origem vegetal, principalmente a nicotina, extraída do tabaco, o piretro, extraída de diversos compostos do gênero Chrysanthemum e a rotenona, extraída de diversas papilionáceas; os inseticidas orgânicos sintéticos, os mais comuns hoje em dia, pois são fabricados industrialmente em grande escala e a um preço de custo relativamente baixo. Dos inseticidas orgânicos sintéticos são três dos grupos que merecem destaque:

Grupo dos Compostos Organo-Sintéticos Clorados
Estes apresentam em sua estrutura molecular, uma cadeia variável de carbonos ligados por íons de cloro e hidrogênio. Alguns podem caracterizar-se por apresentarem enxofre e oxigênio.

O clorados apresentam um maior poder residual e acumulativo em relação a outros grupos, determinando uma séria limitação no seu emprego, não só pelos seu largo espectro residual, como também pelos problemas crônicos que podem provocar nos organismos vivos. O uso indiscriminado dos clorados afeta significativamente o equilíbrio biológico.
Dos clorados os principais são os seguintes:

DDT (diclodifeniltricloroetano): Inseticida clorado cuja síntese fio realizada pela primeira vez em 1874, pelo químico alemão Othmar Zeidler, mas suas propriedades inseticidas foram descobertas somente em 1939, pelo químico suíço Paul Müller.

O DDT, cuja produção anual em todo mundo ultrapassa 100.000 toneladas, age por contato, penetrando através da cutícula quitinosa do inseto, paralisando os mecanismos respiratórios e interferindo no sistema nervoso. Este inseticida é particularmente tóxico para os vertebrados pecilotermos (peixes, répteis e anfíbios).

A característica principal do DDT é a sua insolubilidade em água e sua solubilidade em gorduras e óleos. Nos animais homeotermos ele causa intoxicação crônica, caracterizada por uma decomposição vagarosa. O DDT continua ativo no solo, até trinta anos depois de aplicado (calcula-se em mais de 1 milhão de toneladas de DDT presente no solo). Espalhado por todo mundo, já se constatou sua presença, em quantidades consideráveis, em mariscos, peixes, aves e focas do Mar do Norte e do Mar Báltico, bem como em aves, peixes e focas da região antártida, no extremo oposto do globo. O DDT, como outros inseticidas, é assimilado por organismos vegetais e animais que os armazenam sem sofrer as conseqüências letais dessa concentração. Através do ciclo alimentar dos animais e plantas, dá-se um enriquecimento dos elementos tóxicos que passam de um organismo para o outro, até que acaba se formando uma dose de efeito realmente letal. Como exemplo deste fato, podemos citar o clássico fenômeno de Clear Lake, na Califórnia:

O lago foi tratado com DDD (inseticida aparentado com o DDT) em 1949, 1954 e 1957 a fim de eliminar um mosquito inofensivo porque não pica, mas incômodo porque forma verdadeiras nuvens na vizinhança da água. O DDD foi espalhado em dose aparentemente fraca de 0,015 partes por milhão (ppm). Do meio líquido o produto concentrou-se no plâncton na proporção de 5 ppm, nos peixes vegetarianos comedores de plâncton uma quantidade ainda maior (de 40 a 1000 ppm), nos bagres que comem os pequenos peixes em quantidades de 350 a 2500 ppm e, finalmente, na extremidade da cadeia alimentar os mergulhões (Aechmophorus occidentalis) foram dizimados e seus efetivos passaram de, aproximadamente, 1.000 casais a 30 casais, aparentemente estéreis porque entre 1958 e 1963 foi visto apenas um único filhote no lago. Os pássaros mortos continham entre 1.500 e 2.500 ppm de DDD na gordura, o que o inseticida tinha sido concentrado mais de 100.000 vezes a aplicação inicial.

Em 1969, o Departamento de Saúde de EEUU recomendou ao governo americano que proibisse a comercialização do DDT, pois várias pesquisas haviam revelado que esse pesticida podia ser responsável pela formação de tumores malignos no fígado e nos pulmões. Constatou-se também que o DDT pode provocar sérios distúrbios renais e hepáticos, além de graves alterações no sistema nervoso.

Proibido na Argentina, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Chipre, Hungria, Noruega, Dinamarca, Suécia, Japão, Taiwan, U.R.S.S., Alemanha Ocidental, estados Unidos, é criminoso que alguns desses governos permitem a exportação desses produtos para países em desenvolvimento da África, da Ásia e da América Latina.

O uso do DDT e de outros inseticidas em doses maciças resulta na diminuição de sua eficácia, pois vários insetos têm desenvolvido uma capacidade de resistência cada vez maior aos seus efeitos. Por essa razão, atualmente costuma-se aplicar um inseticida em combinação com outros. Na opinião de muitos cientistas, o único meio realmente eficaz de se combater as pragas que devastam as lavouras, sem criar graves ameaças à saúde humana seria a utilização sistemática e em larga escala de seus inimigos naturais (controladores biológicos). No Havaí, por exemplo, o principal agente exterminador dos besouros que atacam os canaviais é um sapo comum (Bufo marinus), criado pelos agricultores junto às plantações. A introdução de doenças dos insetos poderia dar igualmente bons resultados. Vários microorganismo, vírus, bactérias, fungos, ou mesmo nematóides, são susceptíveis de determinar doenças nos insetos. Outra maneira de controle, que deve ser mais pesquisado é a de introduzir machos esterilizados que entram em competição com os machos normais (esterilização por erradicação em laboratório ou produtos químicos esterilizantes misturados com iscas na natureza).

Dieldrin: Clorado muito tóxico de grande persistência no solo (de 5 a 25 anos) e nas gorduras animais e vegetais, sendo muito perigoso para a fauna selvagem.

Endrin: com menor poder residual que o anterior, este inseticida requer os máximos cuidados quando de seu emprego, por ser violento desequilibrador do bio-ambiente, quando aplicado sem critério técnico.

BHC (hexaclorociclohexano): Composto clorado, sintetizado pela primeira vez em 1825 por Faraday, cujas propriedades inseticidas foram descobertas em 1943, junto com o DDT, é um dos mais usados no Brasil. Conforme pesquisa do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, o BHC é o inseticida que está presente com maior freqüência nos alimentos de origem vegetal consumidos pela população paulista.

Os alimentos contaminados por BHC geralmente apresentam um gosto semelhante a mofo.

Além dos clássicos inseticidas clorados já citados, existem outros muito usados, como o lindam, o chlordane, o dieldrin, o toxafene, heptacloro, endosulfan, strobane, etc.

Grupo dos Compostos Organo-Fosforados
São compostos derivados do éster do ácido fosfórico, distintos dos demais grupos por apresentar ação sistêmica e de profundidade, além da ação de contato, ingestão e fumigação.

Os princípios ativos fosforados agem como inibidores de um enzima denominada colinesterase, provocando sérias conseqüências nos organismo animais. O contato, ingestão ou aspiração de doses elevadas de organo-sintéticos, fosforados, provocam intoxicações agudas que ocasionam lesões nos órgãos mais afetados. Esse grupo inclui o paration, o malation, o fosfrin, o mevinphos, etc.

Grupo dos Compostos Organo-Carbamatos
Estes inseticidas são derivados do ácido carbônico, possuindo compostos extremamente tóxicos.
A maioria age sobre insetos por contato e ingestão. Atualmente, surgem alguns de ação sistêmica. Segundo Cavero, Guerra e Silveira, as principais pragas da agricultura brasileira são controladas perfeitamente pelo uso destes inseticidas.

Dos inseticidas organo-sintéticos, este é o grupo que apresenta o menor período de carência e poder residual, sendo por isso, o mais recomendável ecologicamente. Os mais conhecidos são: o dimetam, o sevin, o isolam, o carbaril, o metomil, etc.

Herbicidas
Os herbicidas têm sido utilizados ultimamente como um substituto das máquinas agrícolas no trabalho de suprimir um grande numero de "ervas daninhas" - termo que designa as plantas que invadem as culturas e competem com as plantas cultivadas - e, infelizmente, para uso militar como desfolhante.

Os herbicidas mais usados são os que derivam do ácido clorofenoxi (2,4-D, 2,4,5-T, picloram), análogos quimicamente ao ácido indolacético (auxina), uma substância que regula o desenvolvimento das plantas. Este hormônio controla o desenvolvimento de brotos, o crescimento de raízes, a predominância apical e fototropismo. Doses excessivas provocam um crescimento e metabolismo descontrolados, determinando a morte do vegetal.

A diferença de toxicidade em plantas de folhas largas (dicotiledoneas) em contraste com as de folhas estreitas (monocotiledoneas), se deve à maior facilidade com que os compostos são absorvidos.

Outros grupos, de menor importância, incluem as Triazinas Simétricas (simazina, fenuron, diuron e monuron) e as Uréias Substituídas. Essas duas classes de compostos inibem uma etapa importante da fotossíntese podendo-se dizer que as plantas "morrem de fome".

Podemos dizer, de um modo geral, que o abuso dos herbicidas pode provocar a rarefação de certas espécies e contribuir para a degradação de certos ambientes, uma vez que os herbicidas têm grande impacto sobre as populações de animais devido às modificações ou erradicações das plantas, já que todos os animais dependem delas para nutrir-se.
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