Agricultura Orgânica


Agricultura Orgânica

Agricultura orgânica

A agricultura orgânica pode ser definida como sendo um sistema de produção que exclui o uso de agrotóxicos, de adubos minerais de alta solubilidade e de reguladores de crescimento. Desta forma, há necessidade da utilização dos princípios ecológicos e da conservação dos recursos naturais para o seu desenvolvimento, sendo fundamental a busca do equilíbrio ecológico. Assim, entende-se por produto orgânico aquele produzido em um sistema de produção sustentável no tempo e no espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais, sem a utilização de produtos químicos agressivos ao homem e ao ambiente, mantendo-se o incremento da fertilidade e da vida dos solos e a diversidade biológica.

No termo agricultura orgânica estão agregadas as correntes da agricultura orgânica propriamente dita, da biodinâmica, da organobiológica ou biológica, da natural, do método agrobiológico e da permacultura. Estas correntes possuem objetivos comuns, porém apresentam filosofias e princípios próprios.

A agricultura orgânica iniciou-se a partir de observações feitas pelo micologista e botânico inglês Albert Howard, que ao chegar na Índia, onde trabalhou de 1899 a 1940, teve a oportunidade de constatar que os nativos não utilizavam em suas plantações agrotóxicos ou adubos minerais. A prática comum era devolver à terra os resíduos vegetais e animais compostados em pilhas. Em resposta, as lavouras e os animais eram vigorosos, produtivos e isentos de pragas e de doenças. Assim, Horward entendeu a influência que um ambiente equilibrado exerce sobre as plantas, animais e o próprio homem. Esse método foi sendo aprimorado ao longo do tempo e hoje encontra-se difundido em todo o mundo.

A agricultura biodinâmica surgiu através de conferências proferidas por Rudolf Steiner em Koberwitz, Silésia (hoje Polônia), em 1924. Steiner falou a um grupo de agricultores e cientistas, ligados à comunidade antroposófica, sobre a influência que o cosmo exerce sobre o solo, as plantas, os animais e de que forma pode-se utilizar estas forças na agricultura. Assim, ressaltou a importância do organismo agrícola, que deve buscar uma inter-relação entre as atividades de produção animal e vegetal. A agricultura biodinâmica tem por base o uso dos preparados biodinâmicos, feitos de extratos de plantas e soluções orgânicas e minerais, além do calendário agrícola. Sabe-se ainda que muitas das técnicas utilizadas na agricultura biodinâmica, como a incorporação da matéria orgânica compostada ao solo, a adubação verde, a rotação e a diversificação de culturas são comuns às outras correntes.

A agricultura natural criada pelo japonês Mokiti Okada, fundador da igreja messiânica, em 1935, baseia-se no uso de técnicas que conferem ao solo as mesmas características de um solo de mata virgem. Muitas destas técnicas são as de uso comum nas outras correntes, mas há necessidade de ressaltar que o composto é feito exclusivamente de resíduos vegetais, pois segundo seus seguidores, o uso de resíduos animais pode contaminar rios e lagos, além de trazer mau cheiro e atrair insetos.

A permacultura surgiu na Austrália, por volta de 1971, por iniciativa de um grupo de agricultores e ecologistas que buscavam auto-suficiência para as pequenas e médias propriedades. Esta corrente trabalha principalmente com as culturas perenes, não deixando de trabalhar com as culturas anuais e com animais, para preencher espaços entre as culturas perenes em crescimento. Os seguidores desta corrente baseiam-se na teoria e na filosofia que as mudanças acontecem com a implantação de um grande número de projetos. Assim, cada pessoa envolvida sente realmente qual é o seu papel diante do projeto e da sociedade.

A agricultura organobiológica, difundida principalmente na Suíça, Alemanha, Áustria e Escandinávia, baseia-se na compostagem de matéria orgânica na superfície do solo e no teste microbiológico ou biológico para avaliar a fertilidade do solo.

O método agrobiológico, desenvolvido na França, tem por particularidade o uso de pó de alga marinha, Lithothanme calcareum, rica em micronutrientes.

Apesar das particularidades demonstradas para cada modelo, o termo agricultura orgânica é usado para modelos agrícolas não relacionados com a agricultura baseada no uso de agroquímicos. Sendo que, independente do termo utilizado, os princípios básicos que regem estas correntes estão relacionados ao entendimento holístico da agricultura; ao processo de pesquisa multidisciplinar e elaborado com a participação dos agricultores; à observação das relações de equilíbrio e harmonia homem-natureza; à compreensão do solo como um organismo vivo e dinâmico; à sustentabilidade da agricultura; à nutrição do solo, enquanto organismo vivo e não da planta; e à não utilização de produtos químicos agressivos ao homem e ao ambiente, entre outros.

Na agricultura orgânica é fundamental o manejo e a conservação do solo para se obter adequadas características físicas, químicas e biológicas. Assim, este deve apresentar quantidade equilibrada de nutrientes, altos teores de matéria orgânica, ser equilibrado biologicamente, ser bem estruturado e livre de agroquímicos. Uma das formas para se obter essas características é a incorporação de matéria orgânica (composto, chorume, biofertilizante, adubação verde) ao solo, pois além de acrescentar nutrientes e melhorar as suas propriedades físicas, mantém um equilíbrio microbiológico essencial para tornar as plantas resistentes às pragas e aos patógenos. Caminhando-se em direção ao equilíbrio biológico, ocorre redução dos problemas causados pelas pragas, doenças e plantas invasoras.

Outros aspectos a serem considerados na agricultura orgânica são a rotação de cultura, o cultivo intercalar e o cultivo de diversas espécies simultaneamente. A utilização destas técnicas tem por objetivo aproveitar a adubação residual e quebrar o ciclo de vida de patógenos e de pragas, devido à mudança no hábito alimentar; melhorar o aproveitamento dos espaços; e aumentar a diversidade de culturas para a comercialização.

Os alimentos orgânicos são livres dos resíduos de produtos químicos, como os agrotóxicos, conferindo maior segurança ao consumidor. Além disso, a agricultura orgânica não contamina os solos e os mananciais hídricos com resíduos de agrotóxicos, o que é fundamental, pois são numerosas as pesquisas demonstrando a contaminação da água superficial e subterrânea com estes produtos, tornado-as impróprias para o consumo.

Nematicida Atualmente, no Brasil e no mundo, existem à disposição dos consumidores, numerosos produtos agrícolas de origem orgânica, como hortaliças, frutos, cereais, café, fibras, derivados de leite, carnes, vinhos, sucos e temperos, entre outros.

Pelas características especiais da agricultura orgânica, existem procedimentos que são recomendados e outros proibidos, sendo este o assunto do próximo artigo que será publicado no Informativo nr. 18.

Nematicida é um tipo de pesticida químico usado para matar nematoides parasitas.

Agrotóxicos e Intoxicação por Agrotóxicos

Os agrotóxicos foram desenvolvidos durante a Primeira Guerra Mundial e extremamente utilizados na Segunda Guerra Mundial, como arma química. Após o término da guerra, estes passaram a ser usados como defensivo agrícola.

O primeiro composto dessa classe, denominado DDT, foi fabricado em 1874 por Othomar Zeidler; contudo, foi apenas em 1939 que Paul Muller evidenciou suas propriedades inseticidas. A partir de então, o DDT era a principal arma no combate contra o mosquito disseminador da malária, até descobrir-se que ele, assim como todos os organoclorados, é um composto cancerígeno, teratogênico e cumulativo no organismo.

No período pós-guerra, os vencedores programavam uma ampliação dos seus negócios, partindo das indústrias que se desenvolveram durante a guerra, sendo encontranda dentre elas, a indústria química. Havia fome na Europa, surgindo então a “revolução verde”, que tinha como objetivo fomentar a agricultura, resultando na produção de alimentos.

Agrotóxicos e Intoxicação por Agrotóxicos


Esta revolução desembarcou no Brasil na década de 1960. Estabeleceu-se por meio da imposição das fábricas de agrotóxicos e do governo nacional, sendo que o financiamento bancário para a aquisição de sementes era concedido apenas se o agricultor adquirisse também o agrotóxico e o adubo. Essa atitude resultou somente em uma contaminação ambiental, sem extermínio da fome. No ano de 1970, diversas fábricas mundiais foram transferidas para o Brasil, país englobado entre os 5 maiores consumidores de agrotóxicos do mundo.

A degradação do meio ambiente apresenta conseqüências a longo prazo e seus efeitos talvez sejam irreversíveis. Mundialmente, existem mais de 2 trilhões de toneladas de resíduos industriais sólidos e, aproximadamente, 350 milhões de toneladas de detritos são gerados anualmente.

Atualmente, cabe ao Ministério da Saúde o controle de agrotóxicos, enquanto que o controle ambiental cabe ao Ibama. O governo transmite todos os dados ao Ministério da Agricultura.

Os agrotóxicos são divididos em dois grupos: inseticidas e herbicidas. O primeiro subdivide-se em três amplos grupos, que são os organoclorados, os organofosforados e carbamatos e as piretrinas. Já os grupos mais importantes dos herbicidas são Paraquat, clorofenoxois e dinitrofenóis.

Os organoclorados são os agrotóxicos que persistem por mais tempo no ambiente, chegando a permanecer por um período de 30 anos. A absorção desse agente se dá pela mucosa oral, respiratória e pele, alcançando o sistema nervoso central e periférico. Estes são responsáveis por causar câncer e, por esse motivo, seu uso foi eliminado em diversos países.

Os organofosforados e carbamatos são inseticidas amplamente utilizados na atualidade e também apresenta absorção pela via oral, respiratória e dérmica. Estes agrotóxicos são responsáveis por levar a problemas funcionais da musculatura do corpo, cérebro e glândulas.

As piretrinas podem ser inseticidas naturais ou artificiais. Não servem para a agricultura, pois são instáveis à luz. Sua utilização se restringe ao ambiente doméstico na forma de spray, espirais ou em tabletes que se dissolvem quando aquecidos. São substâncias que podem desencadear crises alérgicas.

Os herbicidas Paraquat oferecem risco altamente elevado. Este herbicida mata todos os tipos de plantas e pode causar lesões renais e fibrose pulmonar irreversível.


Intoxicação por AgrotóxicosIntoxicação por Agrotóxicos
Uma pesquisa feita pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 12 países latino-americanos, revelou que o envenenamento por produtos químicos, especialmente o chumbo e os pesticidas, simbolizam cerca de 15% de todas as doenças profissionais notificadas.

Contudo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) assegura que apenas 1/6 dos acidentes são oficialmente registrados e que, aproximadamente, 70% dos casos acontece em países em desenvolvimento, com os organofosforados representando 70% das intoxicações agudas.

Os agrotóxicos têm feito vítimas fatais, além de provocar aborto, malformação fetal, suicídios, câncer, dermatose, entre outras doenças. De acordo com a OMS, ocorrem 20.000 óbitos/ano devido à manipulação, inalação e consumo indireto de pesticidas, nos países em desenvolvimento, como o Brasil.

Fiscalização
No ano de 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) criou o programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), visando monitorar o comprimento da legislação sobre o nível permitido de resíduos agrotóxicos nos alimentos, o uso de quais produtos é permitido em cada colheita, e garantir que produtos como frutas, verduras e legumes cheguem à mesa do consumidor brasileiro com qualidade e segurança.

Em casos de uso de agrotóxicos acima do permitido pela ANVISA, os órgãos responsáveis pelas áreas da agricultura e meio ambiente, são acionados para rastrear e solucionar o problema. As medidas tomadas em relação aos produtores são de orientação para utilização de boas práticas agrícolas.

www.megatimes.com.br
www.klimanaturali.org
Postagem Anterior Próxima Postagem