PECUÁRIA ORGÂNICA NO BRASIL, NA ARGENTINA E NA EUROPA

O cuidado exigido na pecuária orgânica é bem diferente da convencional. Adquirindo a carne orgânica, além do consumidor saber que está com um alimento livre de agrotóxicos e hormônios sintéticos, ele também proporciona qualidade de vida aos animais. O boi orgânico deve ser criado em pasto sem agrotóxico e adubação química, tratado com medicamentos homeopáticos. A adubação a pasto é feita com esterco dos próprios animais. O uso de sal mineral e inseminação artificial são permitidos, mas os antibióticos, são proibidos. A vacinação contra aftosa é obrigatória por lei.

É importante não confundir o boi orgânico com o chamado "boi verde". Apesar de também valer-se da criação a pasto, como nos sistemas agroecológicos, as semelhanças terminam aí. No cultivo do "boi verde", o uso de adubos sintéticos solúveis, de antibióticos e medicamentos alopáticos é permitido. E a suplementação alimentar feita no confinamento se vale de plantas (milho, cana-de-açúcar, por exemplo) originadas em sistemas convencionais de produção.

Para o gado convencional entrar no sistema orgânico, é necessário que ele seja comprado com até oito meses. Os custos mais altos estão na construção do frigorífico, apesar do investimento ser pequeno no caso de uma adaptação de um convencional. Além dos cuidados com higiene e limpeza no abate, a morte deve ser rápida para evitar o estresse.

Enquanto no Brasil a pecuária orgânica está nascendo, na Argentina a exportação certificada ocorre desde 1995. A Eco Pampa, em Bella Vista, na província de Buenos Aires, iniciou seus trabalhos exclusivamente com carne orgânica em 1994. A certificação é pela Argencert, reconhecida pela União Européia. A empresa vende sete tipos de cortes, inclusive para supermercados. Outro produtor, também certificado pela Argencert, é a Estancia La Josefina, localizada nos pampas dentro da "cuenca" Rio Salado. Tem 550 hectares de solo orgânico, onde cultiva várias culturas, e cria o gado Aberdeen Angus. Para os produtores argentinos, o Brasil seria um excelente mercado, se não fosse os baixos preços que os compradores estariam dispostos a pagar, comparando-se com o capital que Europa e EUA dispõem. Segundo executivos argentinos, até o momento, o país vizinho vê como concorrente à carne orgânica do Uruguai e da Austrália.
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