Folha | Estrutura Morfológica das Folhas

Folha | Estrutura Morfológica das Folhas

Folha | Estrutura Morfológica das Folhas

Expansão laminar do caule das pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, a folha funciona sobretudo como laboratório vegetal, para captar a energia solar e transformar em substâncias orgânicas a água e os sais minerais absorvidos do solo, e o gás carbônico retirado do ar, e assim realizar a fotossíntese. Pelas folhas também se processa a evaporação da água restante. As briófitas e as algas, em que não existem vasos e a seiva circula diretamente de célula em célula, não têm folhas, mas órgãos análogos, os filóides.

Variáveis em forma, tamanho, espessura ou disposição, as folhas classificam-se em vários grupos e espécies, e são para as plantas o mesmo que os pulmões e os órgãos da circulação e alimentação para os animais.

A grande variedade de características das folhas se deve ao longo processo de adaptação das plantas ao ambiente, difícil de reconstituir na história de cada espécie mas óbvio em algumas. Nas cactáceas, por exemplo, as folhas se reduziram a espinhos que afugentam dos caules, espessos e cheios de água, os animais sedentos; e em outros vegetais, as folhas transformadas em brácteas de cores vivas têm a função de atrair insetos polinizadores.

Disposição e morfologia externa
Denomina-se filotaxia o estudo da maneira pela qual as folhas se dispõem no caule -- no topo, na base ou ao longo deste, em ângulos diversos, isoladas, aos pares, em feixes ou de várias outras formas. O ângulo de inclinação, condicionado pela incidência dos raios de sol, pode variar ao longo do dia e também é condicionado pela maneira como a planta reabsorve, através das raízes, os sais minerais excretados pelas folhas e delas removidos pela chuva. Dessa forma, quando o sistema radicular é ramificado, as folhas distribuem-se de modo a que a água caia das superiores para as inferiores num trajeto centrífugo; se a raiz for simples e profunda, a água se encaminha para o solo de modo centrípeto, das folhas mais altas e externas para as mais baixas e internas.

As folhas podem ser praticamente invisíveis ou, ao contrário, gigantescas, como nas palmeiras e bananeiras. São geralmente verdes, às vezes com matizes diferentes, mas podem existir em outras cores, únicas ou variegadas. As folhas novas de certas plantas, como as mangueiras, são mais escuras que as adultas e têm superfície brilhante, em virtude de pigmentos que as protegem das radiações solares muito fortes.

A folha comum tem três partes; bainha, base achatada pela qual se liga ao caule; pecíolo, haste entre a lâmina e a base; e limbo ou lâmina, parte em geral aplanada, que oferece a maior superfície de contato com o ambiente. Diferenciam-se no limbo as faces superior e inferior, as regiões da base, do ápice e dos bordos e ainda as nervuras, feixes mistos de vasos, uns de seiva mineral e outros de seiva orgânica, quase sempre salientes. Quanto à disposição das nervuras, a folha pode ser peninérvea, paralelinérvea, palminérvea, curvinérvea, uninérvea ou enervada, quando não se distingue nenhuma nervura. A folha é dita completa quando tem as três partes; peciolada, se possuir apenas pecíolo e limbo; invaginante, se apresentar somente bainha e limbo; e séssil ou rente, quando formada só pelo limbo.

Folha simples é a que só possui um limbo, como a do carvalho; composta, a que tem vários limbos -- paineira e na samambaia, por exemplo -- que passam a chamar-se folíolos, presos a um pecíolo indiviso; recomposta, a que tem vários folíolos ligados a um pecíolo ramificado. Compostas e recompostas denominam-se penadas quando os folíolos se dispõem ao longo do pecíolo principal; e palmadas quando se irradiam de um ponto. A divisão do limbo em folíolos torna a planta mais resistente ao vento e facilita a passagem da luz de cima para baixo.

O limbo apresenta formas muito variadas, que se designam por nomes derivados de formas ou objetos conhecidos; reniformes, se lembrar um rim; cordiforme, um coração; sagitada, uma seta; lanceolada, uma lança; deltóidea, um triângulo; orbicular, um círculo, e assim por diante. Dessa forma, existem folhas elípticas, oblongas, losângicas, unguladas, filiformes, peniformes, tubiformes, romboidais, palmiformes, flabeliformes, aciculares, escamiformes, falciformes, lineares, com aspecto de bandeja e até irregulares ou anômalas. Quando as formas que originam esses nomes estão invertidas em relação à posição normal, acrescenta-se às designações acima o prefixo -ob: oblanceolada, obcordiforme etc. Chama-se polimorfismo foliar a existência, na mesma planta, de folhas com formas diversas. Em vegetais palustres, por exemplo, às vezes coexistem folhas aéreas, folhas flutuantes e folhas submersas, cada tipo com formato adaptado ao respectivo ambiente.

Quanto à existência ou não de recortes no limbo, a folha pode ser inteira, quando não os tem; perfurada ou fenestrada, quando possui orifícios; com pequenos recortes, se a profundidade destes não altera basicamente sua forma; com grandes recortes, se a modifica por completo. Os pequenos recortes nos bordos fazem a folha serreada, quando lembram uma serra dentada, se os recortes são menos regulares e mais grosseiros; sinuada, quando os bordos apresentam concavidades desiguais; crenada, se os dentes forem convexos. Quando os grandes recortes não ultrapassam um quarto da largura do limbo, diz-se que a folha é lobada; fendida, quando embora um pouco maiores, não chegam à metade dessa largura; e partida, ou  pseudocomposta, quando atingem o meio do limbo. Os profundos recortes nas folhas das palmeiras, às vezes confundidas com as compostas, resultaram de adaptação evolutiva contra a ação do vento, a partir de folhas inteiras, como são até hoje suas folhas novas.

Estrutura Morfológica das Folhas


Estrutura
Em corte transversal, a folha se constitui de três camadas: a epiderme superior, o mesofilo e a epiderme inferior. A primeira, formada por uma só camada de células, é recoberta na parede externa, em contato com o ambiente, pela cutícula, espécie de verniz que impermeabiliza a folha e que se origina da transformação da celulose em cutina. O mesofilo compõe-se de dois tecidos: o paliçádico ou compacto, constituído de células alongadas, estreitamente unidas e ricas em clorofila, que absorve a energia solar e a utiliza, à custa da seiva mineral, na síntese dos alimentos; e o lacunoso ou frouxo, feito de células arredondadas, dispostas irregularmente e intercaladas por lacunas. O alimento se acumula nessas lacunas, sob a forma de grãos de amido, e é levado pelas nervuras, que passam pelo tecido lacunoso, a todas as partes da planta. A folha inclui ainda os estomas, compostos pela câmara estomática, grande lacuna no seio do mesofilo, e pelas células estomáticas, já na epiderme inferior. As células estomáticas, geralmente em número de duas, deixam entre si o ostíolo, pequena abertura por onde se processam as trocas gasosas entre o vegetal e o ambiente. Nas folhas que flutuam na água, os estomas ficam na face superior. Nas de posição vertical, como as das gramíneas, localizam-se nas duas faces.

Segundo o revestimento, as folhas podem ser glabras ou lisas; pilosas, quando têm pêlos mais ou menos longos e flexíveis que funcionam como isolante térmico; tomentosas, quando os pêlos formam uma camada facilmente destacável à fricção; cerdosas, se  forem curtos e rígidos; cerosas, quando impermeabilizadas por minúsculos bastonetes de cera; glândulo-viscosas, quando os pêlos segregam visgo; glândulo-urticantes, se a secreção for causticante; glândulo-digestivas, próprias das plantas carnívoras; e acetinadas, ricas em microscópicas lentes convexas que captam os poucos raios de sol no interior das florestas, e têm o aspecto furta-cor do cetim.

Quanto à consistência, além das folhas normais, sem adaptações especiais e flexíveis ao vento, encontradas preferencialmente em climas temperados, existem as coriáceas, rijas, próprias dos climas secos; as carnosas, impermeáveis e dotadas de reservas de água, também adaptadas a esses climas; e as membranosas, de poucas camadas de células, típicas do interior úmido e mal iluminado das florestas.

As chamadas morfoses foliares têm a mesma origem das folhas, mas já não se assemelham a estas em conseqüência de adaptações a outras funções. São morfoses foliares as brácteas, lâminas que protegem brotos ou realçam o colorido das flores; as escamas, que resguardam brotos; os espinhos, que são pecíolos e, às vezes, nervuras enrijecidas; as rizomorfas, folhas que lembram raízes; as ascídias, pequenas urnas para capturar insetos; as gavinhas, nervuras desprovidas de limbo que têm função preênsil; as túnicas dos bulbos, destinadas a reservar alimento; os esporofilos, portadores de esporângios; os estames e os carpelos, peças da flor que produzem respectivamente gametas masculinos e femininos; as sépalas, que envolvem a corola; as pétalas, que a formam; e os cotilédones, primeiras folhas do embrião das sementes.

Plantas perenifólias são as que não se despem da folhagem; caducifólias, as que perdem periodicamente as folhas. Nestas últimas, as folhas permanecem presas ao caule somente enquanto a produção do hormônio do crescimento é alta.

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