Processos de Tratamento de Água em uma ETA

Processos de Tratamento de Água em uma ETA (Colorado do Oeste - RO)

Processos de Tratamento de Água em uma ETA (Colorado do Oeste - RO)
Tratamento de água é o conjunto de procedimentos físicos químicos que são aplicados na água para que ela fique em condições adequadas para consumo, ou seja, para que a água se torne potável. O processo de tratamento de água a livra de qualquer tipo de contaminação, evitando a transmissão de doenças. O grau e o tipo de tratamento pode ir de uma simples desinfecção até um tratamento mais complexo, dependendo das condições do manancial que vai ser utilizado. Esses aspectos são estudados numa especialidade da engenharia hidráulica denominado engenharia sanitaria (CETESB, 1991). O sistema de água potável é umconjunto de estruturas, equipamentos e instrumentos destinados a produzir água de consumo humano a fim de entregá-la aos usuários em quantidade e qualidade adequadas, tendo um serviço contínuo a um custo razoável. Os sistemas de abastecimento de água geralmente contêm os seguintes componentes: obras de captação, estação de tratamento, redes de distribuição e conexões domiciliares. . Ela pode ser oferecida à população urbana ou rural com ou sem tratamento prévio dependendo da origem do manancial. O tratamento de água visa reduzir a concentração de poluentes até o ponto em que não apresentem riscos para a saúde pública (Di Bernardo, 1993).





ETAPAS DO TRATAMENTO DE ÁGUA
De acordo com Di Bernardo (1993), o processo de tratamento de água elimina os tipos de contaminações, evitando a transmissão de doenças. Numa ETA o tratamento de água, os processos ocorrem nas seguintes seqüências: floculação, decantação, filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH.

Floculação
Floculação é o processo onde a água recebe uma substância química chamada de sulfato de alumínio. Este produto faz com que as impurezas se aglutinem formando flocos para serem facilmente removidos. A água é submetida à agitação mecânica para possibilitar que os flocos se aglutinem com os sólidos em suspensão, permitindo assim uma decantação mais rápida (IBAMA, 1990).

Decantação
A etapa de decantação consiste na remoção de partículas em suspensão mais densas que a água por ação da gravidade. Para uma maior eficiência, o percurso da água floculada para os Decantadores deve ser o menor possível e em condições que evitem a quebra dos flocos ou que impeçam a sedimentação das partículas. As partículas mais densas que a água irão se depositar no fundo do decantador (BATALHA; PARLATORE, 1993).

Filtração 
Nesta fase, a água passa por várias camadas filtrantes onde ocorre a retenção dos flocos menores que não ficaram na decantação. A água então fica livre das impurezas (ABTN, 1989).

Segundo Richter (1991) a floculação, a decantação e filtração recebem o nome de clarificação. Nesta fase, todas as partículas de impurezas são removidas deixando a água límpida. Mas ainda não está pronta para ser usada. Para garantir a qualidade da água, após a clarificação é feita a desinfecção. Nesta fase, a água passa por várias camadas filtrantes, compostas por areias de granulométrica variada, onde ocorre a retenção dos flocos menores que não ficaram na decantação. A água então fica livre das impurezas.

A filtração é a retenção de partículas sólidas por meio de membranas ou leitos porosos. As Estações de Tratamento de Água utilizam filtros de carvão ativo, areia e cascalho. Para o funcionamento dos filtros é necessário a realização de dois controles:

Controle do nível de água;
Controle da vazão de entrada de água decantada para os filtros e saída de água filtrada.

As ETAs possuem filtros rápidos que funcionam por ação da gravidade e sob pressão. São lavados a contracorrente (inversão de fluxo) com uma vazão capaz de assegurar uma expansão adequada para o meio filtrante (COSTA, 1992).

Cloração 
Cloração consiste na adição de cloro na água clarificada. Este produto é usado para destruição de microorganismos presentes na água, que não foram retidos na etapa anterior. O cloro é aplicado em forma de gás ou em soluções de hipoclorito, numa proporção que varia de acordo com a qualidade da água e de acordo com o cloro residual que se deseja manter na rede de abastecimento. O cloro é utilizado para desinfecção, para reduzir gosto, odor e coloração da água, e é considerado indispensável para a potabilização da água. O cloro é um produto perigoso e exige cuidado no seu manuseio.  A associação do cloro com algumas substâncias orgânicas, os chamados trialometanos, ou compostos orgânicos clorados, podem afetar o sistema nervoso central, o fígado e o coração quando usados de forma exagerada na desinfecção das águas através da utilização de cloro gasoso (ETAs) ou hipoclorito de sódio (poços). Utilizado em quantidades adequadas, o cloro é completamente inofensivo ao organismo, matando apenas microrganismos, especialmente bactérias (CASAN, 1999).

ESTRUTURA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA)

A estação de Tratamento de Água (ETA) de Colorado do Oeste tem como objetivo a captação e tratamento de água do Rio Sete voltas para a distribuição à população da cidade. O processo para o tratamento é feito por 4 (quatro) técnicos operadores que fazem plantões de vinte e quatro (24:00) horas.

A cada duas horas (2:00) são realizadas as análises da água bruta, tratada e decantada. A vazão é feita dependendo de qual bomba ou bombas estejam em funcionamento (1, 2 ou 3).
  • É feito a leitura pH da água tratada e da água bruta (6,0 a 9,5);
  • É feito à análise de cor da água tratada (limite máximo de 15 U.C.)
  • É feito o teste de turbidez da água tratada e da água bruta (limite máximo para a água tratada é de 5 UNT);
  • É feito o teste residual de cloro para o controle da aplicação do mesmo (mínimo de 0,5 e máximo de 1,5 mg Cl/L).
    Durante os plantões de cada técnico é feito o relatório resumido dos seguintes itens:
  • Controle de lavagem dos filtros (Seis filtros. 8 minutos para a lavagem de cada filtro);
  • Paralisação do sistema;
  • Preparo dos produtos químicos;
  • Controle dos produtos químicos;
  • Dosagem dos produtos químicos;
  • Outras observações.
A estação de tratamento de água - ETA de Colorado do Oeste é tem como estrutura em funcionamento:
  • 6 (seis) filtros;
  • 3 (três) decantadores;
  • Um floculador;
  • 3 (três) bombas de captação de água;
  • 3 (três) bombas de distribuição (recalque);
  • 2 (dois) tanques para a dosagem de sulfato de alumínio [Aℓ2(SO4)] com 4 (quatro) mil litros cada;
  • 2 (dois) taques para a dosagem de hipoclorito com 3 (três) mil litros cada;
  • Peagâmetro;
  • Turbidímetro;
  • Medidor de cor da água (Aquacolor);
  • Um destilador de água.
 Laboratório de análise da água
Cada ETA possui um laboratório que processa análises e exames físico-químicos e bacteriológicos destinados à avaliação da qualidade da água desde o manancial até o sistema de distribuição. Além disso, existe um laboratório central que faz a aferição de todos os sistemas e também realiza exames especiais como: identificação de resíduos de pesticidas, metais pesados e plâncton. Esses exames são feitos na água bruta, durante o tratamento e em pontos da rede de distribuição, de acordo com o que estabelece a legislação em vigor (DACACH, 1979).

Todas as aplicações de produtos químicos em uma estação de tratamento são precedidas de testes laboratoriais pelo menos diários que determinam as dosagens a serem aplicadas no volume de água que chega à ETA. Um dos testes mais utilizados é o chamado ensaio dos jarros (Jar Test), que determina a dosagem ótima do agente coagulante. Cada um destes testes possibilita a aplicação de seis dosagens diferentes, sendo que destas é escolhida a que clarifica melhor a água (VIANNA, 1992).

Bombeamento da água 
Concluindo o tratamento, a água é armazenada em reservatórios quando então, através de canalizações, segue até as residências. 

A água cobre 75% da superfície da Terra. A água salgada está presente nos mares e oceanos e representa 97,4% de toda a água. A doce, portanto, não chega a 3%, sendo que 90% desse volume corresponde a geleiras e o resto a rios, lagos e lençóis subterrâneos. Daí a importância da preservação dos mananciais.  Para que possa ser consumida, sem apresentar riscos à saúde, ou seja, tornar-se potável, a água tem que ser tratada, limpa e descontaminada (Di Bernardo, 1993).

Água potável
Cada etapa do tratamento da água pode representar um obstáculo à transmissão de doenças. O grau e o tipo de tratamento pode ir de uma simples desinfecção até um tratamento mais complexo, dependendo das condições do manancial que vai ser utilizado. Esses aspectos são estudados pelo engenheiro hidráulico (TSUTIYA, 2004).
 
Produzir água potável não é fácil. Requer investimento de grandes cifras para construir estações de tratamento e comprar os insumos necessários para purificá-la. A qualidade da água tratada depende do seu uso. É de vital importância para a saúde pública que a comunidade conte com um abastecimento seguro que satisfaça as necessidades domésticas tais como o consumo, a preparação de alimentos e a higiene pessoal. Para alcançar este propósito devem ser cumpridas uma série de normas de qualidade (física, química e microbiológica), de tal maneira que a água esteja livre de organismos capazes de originar enfermidades e de qualquer mineral ou substância orgânica que possa prejudicar a saúde (TSUTIYA, 2004).

Perdas de água
A água, depois de tratada, é levada à população através da rede de distribuição, um conjunto de tubulações e peças especiais que exigem operações adequadas e manutenção sistemática. Mas, podem ocorrer acidentes no percurso da água, provocando rompimentos nas tubulações e a conseqüente perda de água.

 As perdas de água potável são calculadas tendo como base a diferença entre o volume consumido registrado pelo conjunto de hidrômetros e o volume produzido pelos sistemas (SETTI, 1994).

Existem dois tipos de perda: a física e a não física. A perda física é a água perdida em vazamentos, aquela que não chega ao consumidor.  A perda não física é a água usada pelos consumidores, mas que não é medida pela empresa de abastecimento de água, como as ligações clandestinas e outros tipos de fraudes. Dessa forma, busca a orientação para o uso racional da água com o mínimo de desperdícios (FUZEIRA; COIMBRA, 2002).

LEGISLAÇÃO REFERENTES AOS RECURSOS HÍDRICOS 
A Agência Nacional de Águas (ANA) tem como função coordenar e desenvolver as atividades concernentes à relação aos recursos hídricos através de leis, decretos, portarias e resoluções.

  • Lei nº 9.433, de 08/01/1997 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. 
  • Decreto nº 4.613, de 11/03/2003 Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos.
  • Lei nº 9.984, de 17/07/2000 Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.
  • Decreto nº 3.692, de 19/12/2000 Dispõe sobre a instalação, aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos Comissionados e dos Cargos Comissionados Técnicos da Agência Nacional de Águas - ANA, e dá outras providências.
  • Lei nº 10.881, de 09/06/2004 Dispõe sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e entidades delegatórias das funções de Agências de Águas relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União e dá outras providências.
  • Decreto nº 5.440, de 04/05/2005 Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para o consumo humano.
  • Resolução nº 173, de 17/04/2006 Aprova o Regimento Interno e o Quadro Demonstrativo de Cargos em Comissão da Agência Nacional de Águas - ANA
  • Resolução nº 223, de 12/06/2006 Altera o Regimento Interno da Agência Nacional de Águas - ANA
  • Resolução nº 471, de 06/11/2006 Alterar os quantitativos e a distribuição dos Cargos Comissionados
  • Resolução nº 121, de 23/04/2007 Altera os arts. 3º e 43 e insere o art. 44b no Regimento Interno da Agência Nacional de Águas - ANA.
  • Resolução nº 348, de 20/08/2007 Aprova Regimento Interno da Agência Nacional de Águas - ANA
  • Resolução nº 630, de 23/09/2008 Altera o Regimento Interno da Agência Nacional de Águas - ANA
  • Resolução nº 567, de 17/08/2009 Aprova o Regimento Interno da Agência Nacional de Águas - ANA
  • Lei nº 8.112, de 11/12/1990 Dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civil da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais.
  • Lei nº 9.986, de 18/07/2000 Dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras e dá outras providências.
  • Lei nº 10.768, de 19/11/2003 Dispõe sobre o Quadro de Pessoal da Agência Nacional de Águas - ANA, e dá outras providências.
  • Lei nº 10.871, de 20/05/2004 Dispõe sobre a criação de carreiras e organização de cargos efetivos das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras, e dá outras providências.
  • Lei nº 11.094, de 13/01/2005
  • Lei nº 11.292, de 26/04/2006
  • MP nº 441, de 29/8/2008
  • Decreto nº 6.657 de 20/11/2008

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABTN. Projeto de Estações de Tratamento de Água para abastecimento público, NB 592, 1989;

BATALHA, B.L, PARLATORE, A.C., Controle da qualidade da água para  consumo humano. CETESB, 1993;

CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento. Estudos para adequação e otimização da Estação de Tratamento de Água da grande Florianópolis. Etapa II – Adequação da ETA – Relatório parcial  01 – Janeiro / 1999;

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Água – Teste de toxicidade aguda com Daphnia similis Claus, 1876 (Cladocera, Crustacea). Norma técnica L5 018, 1991;

COSTA, E. R. H. Estudo de Polímeros Naturais como Auxiliares de Floculação com Base no Diagrama de Coagulação do Sulfato de Alumínio. São Carlos. 1992. Dissertação de Mes­trado. Escola de Engenharia de São Carlos-Universidade de São Paulo 1992;

DACACH, N.G. – Sistemas Urbanos de Água – Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora. 1979;

Di Bernardo, L. Métodos e técnicas de tratamento de água. Editora Abes, 1993;

FUZEIRA de SÁ, V.B.; COIMBRA, R.M. Recursos Hídricos Brasileiros - Panorama Geral. MME/DNAEE. Brasília, 2002;

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. Manual de testes para avaliação da ecotoxicidade de agentes químicos. 2a Edição, Brasília, 1990;

RICHTER, AZEVEDO NETTO, Tratamento de Água – Tecnologia Atualizada, Editora Edgar Blucher Ltda, 1991; 

SETTI,A,A. A necessidade do uso sustentável dos recursos hídricos, Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal / IBAMA, Brasília, 1994;

TSUTIYA, M. T. – Abastecimento de Água – São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 2004;

VIANNA, M.R. – Hidráulica Aplicada às Estações de Tratamento de Água – Belo Horizonte: Instituto de Engenharia Aplicada. 1992.

 *Luciano Mende
Graduado em Gestão Ambiental (IFRO-Rondônia) e Especialista em Inteligência Estratégica 
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