Salmão AquAdvantage | O supersalmão

Salmão AquAdvantage | O supersalmão

O salmão, mundialmente famoso por sua deliciosa carne avermelhada, é criado comercialmente desde o século 18. O peixe alcança índices elevados de comercialização, atrás apenas do atum.

Salmão AquAdvantage | O supersalmão
Salmão AquAdvantage (maior)
EUA liberam 1º animal transgênico para consumo humano: Salmão AquAdvantage - Após quinze anos em análise, salmão transgênico pode chegar à mesa dos norte-americanos em breve

A Food and Drug Administrtion (FDA), agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, liberou nesta quinta-feira (19.11) o primeiro animal transgênico para produção, venda e consumo humano. Trata-se do Salmão AquAdvantage, que vem sendo desenvolvido desde o final da década de 1980 pela empresa de biotecnologia norte-americana AquaBounty.

O salmão foi geneticamente modificado (GM) para crescer duas vezes mais rápido do que um peixe convencional, chegando ao tamanho comercial em aproximadamente 18 meses. O gene inserido no transgênico veio do salmão real, uma espécie gigante do Oceano Pacífico que tem a capacidade de se desenvolver durante todo o ano, e não somente em duas Estações, como o salmão atlântico convencional.

O peixe já havia sido declarado pela FDA como “seguro para consumo humano e para o meio ambiente” em 2013. Agora a agência reguladora anuncia que sequer vai exigir que o AquAdvantage seja identificado como transgênico, alegando que “é tão seguro e nutritivo como o salmão atlântico não modificado geneticamente” e “não é materialmente diferente”.

Conhecidos como símbolos da persistência por vencerem corredeiras de rios norte-americanos para alcançar os seus locais de procriação – enquanto são espreitados por ursos, águias e outros predadores – o salmão está atualmente no centro de um acalorado debate entre ambientalistas, empresários e cientistas.

Segundo estimativas da Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas (FAO), são comercializados anualmente mais de três milhões de toneladas de salmão.

A atividade movimenta dezenas de milhões de dólares a cada ano. Dentre as sete espécies de salmão comercializadas, destaca-se o salmão-do-atlântico, Salmo salar, que sozinho representa cerca de 45% da produção mundial desse pescado.

A maior parte da criação comercial desses peixes depende de apenas dois países. O Chile, cuja produção foi pesadamente afetada pelo terremoto recente, detém 31% da produção mundial; e a Noruega, está na frente com 33%. Apesar da grande apreciação da carne de peixe no Brasil, não há criações comerciais no país.

Salmão AquAdvantage
Aceleração do crescimento

Atualmente, em torno de 69% dos salmões consumidos no mundo provêm de criações em cativeiro. Contudo, ainda há vários problemas por solucionar para obter um maior rendimento comercial dessa atividade econômica. Um dos principais é a demora no crescimento dos salmões, que necessitam de três a quatro anos para atingir o tamanho para a venda (em torno de 3 kg).

Ao longo dos últimos anos, várias empresas de biotecnologia investiram em alternativas para solucionar esse impasse. Uma das tentativas de maior sucesso na área foi o criação de um salmão-do-atlântico transgênico, denominado  ‘AquAdvantage’.

Esse peixe geneticamente modificado foi desenvolvido em 1989 pela empresa canadense AquaBounty Technologies. Em 1996, foi submetido à análise da Administração de Drogas e Alimentos (FDA, do inglês Food and Drug Administration) para eventual liberação de sua comercialização.

Os salmões AquAdvantage possuem um gene que ativa um hormônio de crescimento (opAFP-GHc2), proveniente de outra espécie de salmão, o salmão-rei ou do Pacífico (Oncorhynchus tshawytscha).

Além disso, esses peixes mostram-se mais resistentes a parasitas e patógenos e mais tolerantes a variações nas condições ambientais do que os indivíduos não modificados geneticamente. 

A resistência dos salmões transgênicos está associada à introdução, nesses peixes, de uma parte do DNA de peixe-carneiro americano (Zoarces americanus), relacionada à produção de uma proteína de resistência a baixas temperaturas.

A introdução do gene do crescimento no salmão-do-atlântico aumenta em duas vezes a taxa de desenvolvimento desses animais durante o seu primeiro ano de vida. Assim, os peixes alcançam tamanho de mercado em apenas 16 a 18 meses.

Os pesquisadores envolvidos com o desenvolvimento dos salmões  AquAdvantage acreditam que o segredo do crescimento mais rápido desses peixes está na sua capacidade de produzir o hormônio do crescimento ao longo de todo o ano.

Os salmões modificados não ficarão maiores do que os animais comuns, pois os peixes geneticamente modificados param de crescer após atingir o seu tamanho normal.

Os níveis mais elevados de hormônio do crescimento na circulação dos salmões transgênicos parecem ainda melhorar as suas taxas de assimilação e conversão dos nutrientes captados.

Possíveis problemas ambientais
As pessoas que apoiam a criação e comercialização de salmões transgênicos afirmam que esses animais irão diminuir os impactos causados às populações naturais dessa espécie pela pesca. 

Além disso, do ponto de vista econômico, há um enorme ganho para os piscicultores, que poderão comercializar animais mais precoces e resistentes. Obviamente, essas alterações genéticas diminuirão os custos de produção e de comercialização dos salmões transgênicos em relação aos tradicionais.

Contudo, há um grande número de opositores à criação e comercialização desses peixes transgênicos. O principal temor dos ambientalistas é que eles possam escapar de suas fazendas de criação e atingir o meio ambiente. Como eles são mais vorazes e agressivos, representam uma ameaça para o bem-estar dos salmões comuns. 

Pesquisa realizada pelo Centro de Aquacultura e de Pesquisa Ambiental do Canadá, indicou que esses peixes são mais agressivos e se desenvolvem mais rapidamente do que animais não modificados geneticamente.

Na pesquisa foi concluído que quando o alimento é mais escasso, a competição com os peixes transgênicos diminui a taxa de crescimento dos animais comuns. Além disso, estes são eliminados em taxas elevadas por animais geneticamente modificados. 

A introdução de organismos transgênicos no ambiente natural – como os salmões AquAdvantage – é algo bem possível de ocorrer e pode ter consequências imprevisíveis.

O desenvolvimento de animais que sejam incapazes de sobreviver no meio ambiente, devido, por exemplo, à carência de algum nutriente essencial que seja suprido apenas através da ração, pode minimizar esse problema no futuro.

Para evitar contaminações ambientais, todos os salmões transgênicos criados pela AquaBounty são fêmeas e estéreis. No entanto, grupos contrários à liberação da comercialização desse peixe transgênico afirmam que há riscos no processo de esterilização de peixes usado nos salmões AquAdvantage.

Riscos à saúde dos consumidores
Diversas plantas transgênicas são rotineiramente consumidas. A quase totalidade desses cultivos é representada por apenas quatro espécies (a soja, o algodão, a colza e o milho) que estão amplamente disseminadas por vários países, inclusive o Brasil.

Contudo, há ainda um enorme desconhecimento da população sobre esses alimentos transgênicos, e uma crescente inquietação e clamor de estudiosos do tema para a realização de estudos mais detalhados e amplos sobre os riscos que o consumo desses alimentos poderia representar para a saúde humana. A mesma preocupação ocorre em relação à liberação de alimentos transgênicos de origem animal.

A inserção de um gene exógeno em um genoma pode ter consequências imprevisíveis para a expressão de outros genes.

Isso pode desencadear a produção de compostos nocivos à saúde dos indivíduos que os consomem. Porém, ainda existem muito poucos estudos sobre esse tema.

Além disso, é importante lembrar que, mesmo que a ausência de riscos tenha sido verificada para o consumo de determinado transgênico, isso não significa que a ingestão de outros alimentos modificados geneticamente seja segura. Portanto, cada caso é um caso, e deve ser tratado e estudado com todo o cuidado.

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